Ansiedade
- keite Marchiori
- 1 de ago. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 1 de out. de 2024

A palavra ansiedade é utilizada para descrever o nervosismo temporário ou o medo que experimentamos antes e durante experiências desafiadoras para nós, como uma entrevista de emprego, um exame médico, a expectativa diante de uma viagem relaxante. Mas também é utilizada para descrever tipos mais persistentes de ansiedade, como ansiedade clínica ou crônica.
Ansiedade e preocupação são problemas emocionais comuns, que podem se tornar problemas severos que dão origem a um alto grau de estresse e sofrimento. Nossos pensamentos, comportamentos e sensações físicas interagem gerando um ciclo vicioso de ansiedade que nos aprisiona.
A ansiedade originalmente tem uma função adaptativa em nossa vida. O comportamento instintivo e de precaução tem suas raízes nas condições de vida primitiva, sendo extremamente útil para que chegássemos até aqui, garantindo nossa sobrevivência. No entanto, as ansiedades que antes eram essenciais, atualmente, não mais funcionam, e de forma concreta têm impactado negativamente a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo, configurando-se para o status de doença moderna extremamente comum e debilitante.
Ter um transtorno de ansiedade é muito mais grave do que o fato de estar sujeito às preocupações cotidianas. As pessoas com transtornos de ansiedade clínica, por vezes, se percebem como incapazes de trabalhar eficazmente, de ter uma vida social, de viajar ou de ter relações estáveis. Elas podem criar todo o tipo de estratagemas para evitar encontrar certas pessoas, locais ou atividades, inclusive dirigir um carro, viajar de avião e entrar em elevadores, por exemplo. Algumas pessoas podem não se sentir confortáveis em meio à multidão, participar de reuniões sociais e reuniões de trabalho, estar em espaços abertos ou espaços fechados ou se deparar com ínfimas quantidades de sujeira. Em geral não conseguem dormir bem e viver com qualidade. Algumas se tornam reclusas e caseiras.
A ansiedade clínica é uma doença real e duradoura com consequências impactantes sobre a vida. Quem sofre de um transtorno de ansiedade tem maior tendência a se tornar clinicamente deprimido, dando a impressão de sofrer de duas condições debilitantes ao mesmo tempo. Tem maior tendência a fazer uso de substâncias, como álcool. O transtorno tem sido associado a problemas cardíacos, hipertensão, desconforto gastrointestinal, doenças respiratórias, diabete, asma, artrite, problemas de pele, fadiga e uma série de outras condições.
Mas afinal, quais são os sintomas mais comuns de ansiedade?

As pessoas com transtorno de ansiedade relatam com frequência, que são acometidas por sofrimento significativo e debilitante, advindo dos sintomas físicos relacionados à ansiedade como: tremores, palpitação, espasmos musculares, tensão muscular, dores musculares, nevralgia, falta de ar, batimento cardíaco acelerado, transpiração não resultante de calor, boca seca, tontura ou vertigem, náusea, diarréia ou problemas estomacais, aumento na urgência urinária, rubores (calores) ou calafrios, dificuldade para engolir ou nó na garganta.
Os transtornos de ansiedade incluem também mudanças cognitivas (pensamento), comportamentais e emocionais, e destes podemos citar; nervosismo, preocupação, cansaço fácil, sentir-se tenso, facilmente assustado, com dificuldade de concentração, dificuldades para adormecer ou dormir, irritabilidade, evitando lugares onde pode ficar ansioso, pensamentos de perigo e ameaças, pensamentos de que algo terrível irá acontecer, pensamentos sobre a própria vulnerabilidade.
É comum sentir-se incapaz de lidar com as dificuldades que se apresentam, subestimando sua capacidade e habilidades de enfrentamento para lidar adequadamente com as situações e superestimando o poder de tais dificuldades. Também é muito comum que pessoas com transtornos de ansiedade desenvolvam uma autocrítica negativa elevada, limitando-se por medo de não alcançarem a perfeição.
Mas, o que nos leva a adoecer de ansiedade clínica?

Diversas experiências de vida podem contribuir para desencadear a ansiedade no nível clínico, como traumas (ser física, emocional ou sexualmente abusado ou provocado, envolver-se em acidentes, estar no meio de uma guerra); doenças ou mortes; coisas que nos ensinam ao longo da vida como: (“ As cobram vão picar você”, “Se você se sujar, vai ficar doente” etc; coisas que observamos (um artigo no jornal sobre acidente aéreo); e experiências que parecem demasiadamente avassaladoras ou diferentes para conseguir lidar com elas (fazer uma palestra em público, fazer um entrevista de emprego, gravar um vídeo, promoção ou demissão profissional, ter um novo bebê, se mudar para um outro país, outra cidade, outro emprego, entrar na universidade, concluir o curso universitário e entrar no mercado de trabalho) etc;. Algumas pessoas se sentem ansiosas em relacionamentos íntimos. Elas podem temer a intimidade e o comprometimento. Algumas pessoas se preocupam em ser julgadas, rejeitadas ou constrangidas. E a percepção de ameaça ou perigo varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas sentem uma imensa sensação de segurança, outras já se sentem ameaçadas facilmente.
Então, você deve se perguntar, ansiedade faz parte da vida? E a resposta é sim!
Mas há esperança? Podemos aprender a manejar os níveis de ansiedade e viver de forma mais saudável? Ansiedade tem tratamento?

Sim, a ansiedade é altamente tratável, formas novas de terapia cognitivo-comportamental têm sido muito eficazes no tratamento de transtornos de ansiedade maior. Os pacientes demonstram uma melhora significativa já no começo, muitos conseguem manter seu transtorno sob controle depois de alguns meses ou semanas de tratamento. A utilização de ferramentas como meditação, relaxamento, técnicas de respiração, autocompaixão e mindfullness auxiliam na melhora progressiva dos sintomas de ansiedade e no estabelecimento de um estilo de vida mais leve e saudável.
A maior parte dos pacientes é capaz de manter a melhora indefinidamente por meio de uma maior conscientização e prática da capacidade de ajudar a si mesmo. É possível manejar a ansiedade reduzindo seus graus para um nível mais saudável. E você pode aprender como reduzir sua ansiedade em terapia.